30/07/11


Acendo o meu cigarro, sozinho e embrulhado em pensamentos elásticos que tomam a forma e vão até onde quero. Ao contemplar o que me rodeia surges-me tu, sempre, como coisa malévola que não consigo desmistificar. O calor do sol na minha pele atenua-se e dá lugar à sensação de gotas geladas que trazes contigo. Dedos que me acalmam a alma e intensificam o trémulo do corpo. A mente turva e desvia-se do ordinário pensamento que trago comigo, usual, organizado e encaixado como telhas de tectos velhos. Quero dizer que somos eternos - tão eternos como o meu cigarro - e acabo por o dizer a mim mesmo. Quando o cigarro acaba e tu desapareces, como éter volátil, regresso às minhas contemplações. Construo-me sobre cinza apagada, inocente e forte, convicto de que da próxima vez trazes contigo prolongamentos de sol e brilho. Que vais fazer com que os teus raios penetrem os espaços entre telhas velhas, reparando-as, como cola mágica e cintilante. Espero-te como cura secreta. Concretizo-te como destruição e cicatrização imperfeita.

13/07/11

Sol, Água,Companhia,Posição de decúbito, Cigarros, Livros,
Filmes, Álcool, Blogs, Fotografias, Baixa do Porto, Música, Praias

Oficialmente de Férias

09/07/11


Gosto de sentir que és moldável. Gosto de sentir esse poder em que não és nada mais que plasticina colorida nas minhas mãos. Massa que gosta de ser moldável. Encerro lutas conscientes para impedir essa obsessão de entrar no meu interior e acabar por se tornar, invariavelmente, na compulsão a que me propões. Sabes que ao fazer isso, me prendes cada vez mais ao teu círculo vicioso que não acaba. Fazes isso até eu perder a minha própria forma. Até eu me transformar em bola de cola dura. Inquebrável. Invariável. Apenas ajustável às tuas múltiplas formas. Odeio-me, dias depois, por te deixar permitir que te molde como quero.