18/10/09

O meu mercedes

Nunca fui de gostar de carros. Mas ontem, juro-vos que fiquei a querer um mercedes todos os dias. Foi como subir a uma catedral e banhar-me num prazer estranho. Um misto de voyerismo e cumplicidade envergonhada que cora algumas faces menos parasimpáticas.
Foi verdade. A vibração propagou-se como era devido e ao som do fumo ondulado do meu cigarro fiquei ali. Absorto no meio de camisolas às riscas e desgrenahados cabelos lambidos.
O coração saltava ao som da bateria e o álcool emanava a sua volatilidade pelos ares. Assim que o cigarro acabou os olhos abriram-se e viram que afinal eram pratos metálicos a propagar vibração e não outros corações. Como o meu.

08/10/09

Eu regresso à noite



À noite a saudade surgiu. O remoínho de palavras esvoaçou na minha mente, as frases quiseram ser expelidas e eu, fraco, prostei-me à vontade de escrever. Não quero escritos longos e complexos. Quero, agora, uma escrita crua, simples e radiográfica. Incisiva se preferirem. Quero a organização da palavra em mim, quero-a linearizada até ao osso.

Hoje fica marcado o (re)começo da minha degenerescência efervescente. Degradar-me-ei perante letras e fumo de tabaco e degradar-me-ei aqui, perante vós. Agora é tempo de viver e colectar. Até já.