10/11/13


Era contemplação ociosa, pura e límpida, aquela que ele era capaz de emanar. Na mira,  os reflexos dourados do seu cabelo e o sorriso claro de pele nos seus traços. O sol dava lugar à brisa capaz de o transportar, particulado, desfeito pelos murmúrios dos nossos nós. O calor da sua pele evaporava-se, para ser captado e armazenado, em esferas que ainda hoje ele guarda. Objectos inflamáveis em resumo premente e constante que incendeiam a alma ao mínimo rastilho deles. Fogos inconsoláveis de sóis pétreos. Hematomas de lábios rasgados. Amor adoecido e prestado ao cuidado.

05/11/13


Há em mim uma revolta latente. Ancorada às minhas vísceras e anexada ao meu revolto sentimento - que se faz perceber claramente à exalação da minha alma. Lá no fundo, onde ela ancora, vive escondida e de unhas roídas ao pé de um abismo, plantado à borda de pétalas pequenas e brancas, onde ela brinca despreocupada. De lá não se liberta. De nada lhe servem as nódoas negras que traz nos joelhos - a não ser para se exibir gloriosamente como pétala de juventude irrequieta. Hoje procurei e não a encontrei. Penso que desancorou. Penso que ainda aqui está - mas o pior - é que não sei onde.