18/10/09

O meu mercedes

Nunca fui de gostar de carros. Mas ontem, juro-vos que fiquei a querer um mercedes todos os dias. Foi como subir a uma catedral e banhar-me num prazer estranho. Um misto de voyerismo e cumplicidade envergonhada que cora algumas faces menos parasimpáticas.
Foi verdade. A vibração propagou-se como era devido e ao som do fumo ondulado do meu cigarro fiquei ali. Absorto no meio de camisolas às riscas e desgrenahados cabelos lambidos.
O coração saltava ao som da bateria e o álcool emanava a sua volatilidade pelos ares. Assim que o cigarro acabou os olhos abriram-se e viram que afinal eram pratos metálicos a propagar vibração e não outros corações. Como o meu.

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