04/06/12


Estar contigo vai ser sempre como sonhar sozinho. Falar contigo será sempre o voo raso, solitário e precipitante a que as minhas asas se habituaram. Continuas sem perceber o que se destruiu e o que havias encerrado no teu peito. Agora que não me tens amarras, aproveito e fujo para longe (tão longe) que julgo às vezes ir no teu sentido. Julgo-te, por vezes, escondido atrás de carvalhos a ver-me ruir e a apanhar cacos. Julgo-te em demasia. Sei que nem sequer sabes onde corro e porquê. Para ti não sou o conjunto de cacos em que me deixaste. Sou apenas leve brisa que te ensinou entranhas e que nunca quiseste prender. E eu que sabia disso há tanto tempo e nunca o quis ver... De qualquer das formas, talvez ainda bem que assim o foi. Hoje sou livre e posso correr à vontade e levantar voos como sempre. Só tenho pena de me teres deixado os braços tão magoados e doridos, ao suportar-te durante tanto tempo.

6 comentários:

Invisível disse...

Tão bonito, identifico-me, de certa forma.

Anónimo disse...

julgar é mais doce cara-a-cara; contudo, bela a noite em que te podes afirmar livre. já tinha saudades de te escutar, isso mesmo

Dahliaw disse...

Muito obrigada, que bonito.

andré maia disse...

Entre os cacos e a (leve) brisa, não há por que hesitar. Esta última insinua-se através das searas, semeando sonhos nas muito frágeis pétalas das papoilas.

Mas não só!... Percorre a superfície do oceano sobre o qual as gaivotas se multiplicam em geometrias sucessivas.

Depois, entre os braços cansados e o olhar atento, também a decisão não parece difícil.

Mafalda disse...

Está tão bonito!

Unknown disse...

Que apreço ganhei eu pelo teu blog.
A dávida do amor também me foi concedida.Escrevi pensamentos alheios no meu blog
http://risingbelow.blogspot.pt/