15/01/12

verbal overshadowing



Adoro olhar-te com os teus cabelos longos e castanhos, a escrevinhar o teu caderno preto, que de tanto ser aberto, vê já o seu elástico frágil e em grito ténue de ajuda. Adoro a forma como desenhas as penúltimas letras das tuas palavras. És uma perfeição discreta e escondida, que -confesso- tenho medo que outros descubram. És uma ténue mancha que se esborrata em prosa e verso quente em tempo frio. És sorriso de lábios rosados que encharcam o meu ser e possivelmente as minhas palavras. Influência desmedida e imensurável que dificilmente verá par igual. Olhar-te é como levantar bloqueios de alma - pequeninos e fortes- sentir-me livre e escrever. No fim de tudo, talvez não te adore como és, mas como te escrevo.

6 comentários:

Sahaisis disse...

Conseguiste resumir incrivelmente o sentimento de "amar o ideal", não real. Muito bonito!

ines disse...

O mal é criamos a nossa personagem e acreditar que ela e a pessoa são o mesmo

Maria disse...

e o que me dizes vem mesmo em boa altura porque estou perto de acreditar que valho pouco. Obrigada. E continua a escrever, que eu gosto muito de ler o que te vai na alma.

ines disse...

Penso que não, provavelmente a culpa é minha em grande parte... Tantas vezes que nem eu entendo

Afonso Arribança disse...

«No fim de tudo, talvez não te adore como és, mas como te escrevo.» - Porque faz toda a diferença.
Escreves de uma forma suave e cativante. Continua!

Beijinho

Simone Oliveira disse...

" No fim de tudo, talvez não te adore como és, mas como te escrevo "
não gostamos de alguém, gostamos da forma como vemos e sentimos alguém. <3