08/11/11


Hoje contorno-me por cantos, que nem tinta de esferográfica permanente. Discorro em pensamentos fragmentados, pedaços de lua e telhado sem céu. Como tatuagem dolorosa de olhar, que emana laivos de prazer aquando do seu desenho. Não sou mais que pigmento aprofundado na minha pele. Difícil, mas extinguível. Restos de cinzas, de fogueiras acesas às promessas dos teus beijos e apagadas à sombra da tua ignorância e até certo ponto do teu amor. Eu nunca fui e nunca quis ser assim. Quis ser sólido e estanque. Sem orifícios de entradas por onde me pudesse verter. Desenho-me em linhas e como puzzle desmantelado e montado a peças de encaixe forçado. Montagem desorganizada e tatuada. Contigo só fico se me desmontares de novo [prometendo sobre novas fogueiras], e me construires à precisão dos teus sentimentos.

6 comentários:

Invisível disse...

Depois de ler este texto, imaginei logo uma gota de tinta da china a espalhar-se pela água.
Tens um tipo de escrita muito interessante, gosto :)

Invisível disse...

Ora, obrigada eu :D
Eu até dizia uma coisa do género, mas como ja te estou a seguir ahah xD

Sahaisis disse...

gostei ;)

Afonso Arribança disse...

Queremos ser fortes porque a sociedade nos educa assim, mas enfraquecemos em determinadas situações. Devemos, então, construir-nos com a nossa própria tinta, não depositando nunca esperanças nos outros de pintarem um sorriso onde temos de ser nós a pintar.

E desculpa quanto ao teu comentário, mas não percebi. Como faço o quê? :)

Maria disse...

Já estava com saudades de te ler. Pergunto-me que graça teria se fossemos todos sólidos e de limites constantes e bem definidos. (acho que foi por isto que nunca tirei boa nota a geometria).

Maria disse...

... comemoramos até ao resta da nossa vida.