21/10/11

Tudo o que ele desejava era que as suas pernas crescessem. Que se dotassem de uma capacidade para alcançar o que mais desejava naquela altura. Naqueles tempos em que saía de casa, animado pela névoa que pairava e dominava a relva, onde pousava os seus pés, nús e rudes. A sensação de cúpula giratória em torno dos seus membros e crescimento incontrolável por todos aqueles que o tentavam conter.

3 comentários:

Afonso Arribança disse...

Por vezes as pernas crescem. Um dia acordamos com elas mesmo muito grandes e as provas disso estão em muitas coisas que fazemos ao longo da vida e que julgávamos não poder vir a fazer. A primeira delas foi começar a andar. :)

Maria disse...

Não contes a ninguém mas... creio que sim. Creio que Margaret não morreu num canto da memória de alguém que se esqueceu de sentir. Ali, pequenina, adormecida, na iminência da quebra. Creio que houve ainda muito amor destinado a remendar-lhe os ferimentos, a consolidar-lhe os espaços quebradiços.
P.S. Posso-lhe dar as minhas pernas, é que fico sempre tão aconchegada com o que me tens para dizer que o coração parece ser a única parte do corpo que realmente importa.

Maria disse...

... e ler os teus comentários sabe-me sempre tão bem que tudo parece ficar mais bonito. E quanto a mim... eu estou bem. A Margaret às vezes é que é demasiado frágil, nunca deixando de ser forte, e portanto deixa-se ficar assim... Entre o leve e o pesado.
Estou chateada contigo! Quero entrar cá e ver que voltaste a escrever.