São cabelos lambidos e escorridos na primeira manhã em que o frio se faz sentir nos nossos pulmões.
O comboio pára para abandonar a multidão num deserto de pedra cinza que com nada se parece. O cigarro está a arder no chão quando tu o apagas com o teu calcanhar. Ninguém o apaga assim. A manhã começa a aparecer no céu e ao longe o frio mostra-se e deixa de infiltrar a minha respiração.
Acho que vou fazer parte dele não tarda nada.
Após subir arduamente a rua que tu me obrigas, chego à praça e ninguém está lá.
Agarras o meu caso e puxas-me para ti. Sinto os teus lábios gelados nos meus enquanto tapas as minhas orelhas para que não congelem. A fonte, suja como sempre, dá-te o mote de despedida. Largas a minha mão e deixas um até para a semana!
E agora? Que faço?
1 comentário:
Saí há pouco do comboio de que falas. Acabei de sentir o frio que descreves. E o frio tornou-se doce quando cheguei aqui.
Um beijo*
PS: Continuo e continuarei a dobrar os cantos das páginas dos livros. Só assim se pode regressar às palavras que gostamos.
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