Representas a decadência a que o meu ser, já pouco humano, consegue chegar. Hipnose a induzir uma perturbação atómica em toda a minha estruturação e arquitectura interna que não tem alicerces com que te possa enfrentar. Desmoronamento de pensamentos e sentimentos que tinha solidificado. Tinha mesmo planeado usá-los contra ti. Em vão. Tento! És como onda que se propulsiona automaticamente e ao teu percurso vais rarefazendo todo o ar com que me posso alimentar. Deixo de saber. Caio na real ignorância de um controlo que julgava adquirido. Afinal de contas, tenho dúvidas. Já não sei se te amo. Já não sei se és tu que quero. Quero livrar-me do teu traço destrutivo, quero descolar-me da tua película adsorvente. Só não queria, querer tanto.
23/06/11
rascunho
Desenho-te numa sufocante tentativa de, pela última vez, perceber a forma como funcionas. Risco, alinho, apago e volto a riscar. Encho o meu redor de rascunhos teus. Tento e não desisto de encontrar o desenho perfeito...
originalmente escrito e perdido como rascunho - a 9/03/2011
10/06/11
Pouso-te no lugar devido, arrumado aos meus critérios. Sinto a mesma ânsia de escrever em letra miudinha e a carregar bem na caneta até aleijar os meus dedos. Sinto que te tenho de riscar de mim. Cortar-te a palavra. O caos voltou a chegar e eu não estou pronto para mais. Quero, mas não estou pronto. O abstracto, o provérbio ensinado e a contemplação do teu olhar já não me preenchem. Há vácuo que não quebras e fissuras que não sugas. Remodelo-me segundo as tuas forças e definho-me ao ver que, no fundo, morre o que era natural e espontâneo de mim. Como árida onda a estalar as lamas. É assim que me fazes sentir.
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