10/09/12

Quando menos consigo esperar e o prever, ela vem como uma chama acesa de lamparina frágil no meio de noite fria e serena. A electricidade da minha mente a percorrer-me e a comandar os meus dedos para que se estalem contra teclas e me façam falar convosco. Como gosto de vocês. Como gostaria de vos gostar. Como gostaria de não vos escrever. Ficar fechado nas copas do dia-a-dia. Nas névoas dos meus cigarros inacabados. Permanecer no meu conteúdo negro e reconfortante. O conforto de me conseguir achar diferente e ultra-humano. Me achar capaz de pensar que o teu amor não significou. Que o teu amor passou. Que cicatrizou. Não aconteceu e é à noite que sei saber que não aconteceu. Que o que estala nos meus dedos não é a electricidade do meu pensamento mas sim os gestos que me deixaste guardar. Que o que eu faço não é falar mas sim renovar a alma com camadas mais secas e curtidas. Ah! Já não te escrevia há tanto tempo. Achei que não voltava - achei que não o merecias e enganei-me.