30/04/12


Tinha saudades de sentir o meu coração a bater-me nas polpas dos dedos. Da permanência da filtração que consigo obter, quando plasmo o que sinto em folhas de papel sulcadas pelos meus dedos. Esses ninhos de celulose, quentes e confortáveis. Mundos de tinta permanente e plásticos baratos que quero sempre renegar e que acabam por voltar. Há quem diga que homens de ciência não devem ser poetas. Que não devem visualizar e apenas observar. Que não devem metaforizar e apenas descrever. Não consigo. Sinto a alma a partir-se e os fragmentos a ficarem. Como puzzle final já montado. Como ritmo de escape a que o meu coração bate, quando decido mais uma vez mostrar-vos quem sou.

LS, talvez 30 de Abril de 1973